quinta-feira, 21 de abril de 2011

a Igreja é uma expressão do reino - Martin Loyd-Jones


Qual, é a relação da Igreja com o reino? Seguramente é esta: a Igreja é uma expressão do reino, mas não deve ser equiparada a ele. O reino de Deus é mais amplo e mais poderoso que a Igreja. Na Igreja, onde ela é verdadeiramente a Igreja, o senhorio de Cristo é reconhecido e confessado e Ele habita ali. Portanto, o reino está ali nesse sentido. E assim a Igreja é uma parte do reino, mas apenas uma parte. O reino de Deus é muito mais amplo do que a Igreja. Deus governa em regiões além da Igreja, em regiões onde Ele não é reconhecido, porquanto todas as coisas estão em Suas mãos e a história está em Suas mãos. Por isso a Igreja não é co-extensiva com o Reino.

Examinemos agora alguns dos termos que são usados. A palavra grega que se traduz para "igreja" é o termo ekklesia, e ekklesia significa "aqueles que são chamados", não necessaria­mente chamados do mundo, mas chamados da sociedade para alguma função ou propósito particular; são "chamados conjuntamente". Podemos traduzir ekklesia pela palavra "assembléia". Se vocês lerem o relato em Atos, capítulo 19, sobre a extraordinária reunião que se deu na cidade de Efeso, reunião que quase se transformou em motim, descobrirão que o secretário municipal da cidade a denominou de uma assembléia, uma ekklesia, pela qual ele quiz dizer que certo número de pessoas se reuniram conjuntamente. Da mesma forma, em seu discurso em Atos, capítulo 7, Estêvão refere-se a Moisés como estando "na igreja no deserto" (v.38). E assim os filhos de Israel eram uma igreja, um ajuntamento, uma assembléia do povo de Deus. Era a ekklesia, a igreja do Velho Testamento. Esse é o significado fundamental da palavra "igreja".

Ora, nossa palavra "igreja", e todos os termos e nomes cognatos, inclui um significado ligeiramente diferente. Usamos a palavra para significar que pertencemos ao Senhor. Nossa palavra "igreja" vem da palavra grega kurios, que significa "senhor" - tem a mesma derivação das palavras Imperador e César. E importante termos isso em mente, visto que devemos manter estes dois significados juntos: a Igreja consiste daqueles que pertencem ao Senhor, que se reúnem conjuntamente.

Avancemos, porém., mais um passo. Analisemos algumas afirmações que as Escrituras fazem sobre a Igreja., e que são realmente importantes. Na Bíblia., a palavra ekklesia, quando aplicada aos cristãos., geralmente se usa em referência a um local de reunião. A distinção que ora faço é quanto à diferença entre a Igreja considerada como uma idéia geral e a igreja considerada como idéia de localidade e particularidade. O termo que é quase invariavelmente usado nas Escrituras inclui este sentido de localidade. Por exemplo, em Romanos, capítulo 16, quando Paulo envia suas saudações a Áquila e Priscila, ele faz uma referência a "a igreja que está na casa deles" (v.5). Um grupo de cristãos se reunia na casa de Áquila e Priscila., e o apóstolo Paulo não hesita em chamar de igreja àquele local de reunião. Ele não está pensando em termos da idéia moderna ecumênica, segundo a qual a Igreja é o grande elemento.

Em seguida, Paulo também endereça sua Epístola, por exemplo, "à igreja de Deus que está em Corinto". Ele escreve a Epístola aos Gaiatas "às igrejas da Galácia" (Gál. 1:12), não "à Igreja da Galácia". Paulo não está pensando numa só unidade dividida em ramos locais, mas nas igrejas, um grupo dessas unidades, na Galácia. Esta é uma questão muitíssimo significativa e importante.

Ora, se vocês percorrerem as Escrituras, descobrirão ser esse o método apostólico comum de lidar com o tema. Temos, porém, que observar que há dois ou três exemplos em que a palavra "igreja" é usada em vez de "igrejas", e um deles é bastante interessante. Ele se encontra em Atos 9:31. Há certa diferença aqui entre a Authorised (King James) Version e a Revised Version. A Authorised Version tem a redação: "Então as igrejas tinham descanso por toda a Judéia, a Galiléia e a Samaria, e eram edificadas." A Revised Version, porém, traz o singular, "igreja", e esta é indubitavelmente a melhor tradução. Sim, mas mesmo assim devemos lembrar-nos que a referência é quase com toda certeza aos membros da igreja em Jerusalém que haviam sido espalhados por toda parte em decorrência da perseguição. Portanto é provável que Lucas não estivesse se referindo à idéia de "a Igreja" como diferente de "as igrejas", mas estivesse pensando numa só igreja dispersa por várias regiões e em paz. Entretanto, este não é um ponto vital. Além disso, lemos em 1 Coríntios 12:28: "E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, e em segundo lugar profetas". Paulo não diz que Deus os pôs "nas igrejas", e, sim, "na igreja".

Há ainda outra forma na qual se usa o termo "igreja". Em certas passagens, como aquelas grandes passagens na Epístola aos Efésios, Paulo está obviamente pensando na Igreja como incluindo não só os que estão na terra, porém também os que estão no céu. No final do primeiro capítulo, ele diz: "E sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, e para ser cabeça sobre todas as coisas o deu à igreja, que é o seu corpo, o complemento daquele que cumpre tudo em todas as coisas" (Ef. 1:22,23). Semelhantemente, em outra parte da Epístola, ele diz: "Para que agora a multiforme sabedoria de Deus seja manifestada, por meio da igreja, aos principados e potestades nas regiões celestiais" (3:10). E Paulo escreve a mesma coisa também em Efésios 5:23-32.
Até aqui, pois, vimos que, geralmente falando, o termo ekklesia é usado no plural, e os escritores estão obviamente pensando nas igrejas individuais; nuns poucos exemplos, porém, há uma concepção mais ampla em que se usa o termo "a Igreja".

E em seguida devemos analisar os vários quadros ou ilustrações que são usadas a fim de ensinar a doutrina concer­nente à Igreja, e há um bom número delas muito interessantes. A primeira é a analogia de um corpo. Em diversas das Epístolas neotestamentárias somos informados que a Igreja é o "corpo de Cristo". O clássico exemplo, sem dúvida, está em 1 Coríntios, capítulo 12, mas o encontramos também em Romanos, capítulo 12, em Efésios, capítulo 4, e noutros lugares.

Outro quadro é o da Igreja como um templo ou como um edifício, onde o apóstolo se compara com um sábio construtor (1 Cor. 3:10). Em Efésios 2:20 ele fala da Igreja sendo edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas; portanto ele pensa nela ali como um edifício que está sendo erigido.

Em Efésios., capítulo 5, Paulo se refere à Igreja como a noiva de Cristo., e essa imagem reaparece no livro do Apocalipse.

Ainda outro conceito é aquele de um império. Em Efésios, capítulo 2, Paulo fala de nós como "concidadãos dos santos e da família de Deus" (v.19). Essa.» obviamente, foi uma analogia que de repente surgiu na mente do apóstolo. Provavelmente já fosse um prisioneiro em Roma no tempo em que escreveu essa Epístola,, e estivesse pensando nesse admirável Império Romano. Ele sentia que havia algo no Império que era análogo à Igreja., com todas as partes dispersas e ainda com uma unidade central.

Fazendo uso de outro termo, podemos falar, como se tem feito ao longo de todos os séculos., da "Igreja militante" e da "Igreja triunfante" (a Igreja terrena está lutando por sua vida, pela doutrina e por cada elemento) a Igreja que se encontra além do véu, jubilosa e triunfante. Tomem, por exemplo, a grandiosa forma na qual isso é expresso em Hebreus 12:22-24.

E assim, tomando todas essas idéias juntas, que conclusão tiramos? Obviamente, a Igreja é espiritual e invisível. Todos os exemplos que tenho lhes apresentado da palavra empregada no singular pressupõem algo que não pode ser visto, mas que possui uma realidade como entidade espiritual. Ao mesmo tempo, porém, a Igreja é também visível e pode ser vista externamente e pode ser descrita como existindo em Corinto, em Roma ou em algum outro lugar particular. É muito importante que tenhamos em mente essas duas coisas. O invisível tem suas manifestações locais.

Matérias tiradas do site:   http://irmaosembarueri.blogspot.com/

                  Bom alimento esse Blog do irmão Levi Cândido

Parintins Livre  

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